Com promessas não cumpridas e uma gestão econômica travada, o governo Lula chega a 2025 sem entregas concretas e já marcado por escândalos graves como o do INSS
O terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva caminha para sua segunda metade sob o peso de promessas não realizadas, escândalos administrativos e um país que segue à espera de respostas concretas. Eleito com a missão de reconstruir o Brasil, Lula assumiu em 2023 com o discurso de pacificação institucional e retomada do crescimento. Dois anos depois, o que se vê é uma gestão marcada por incerteza, voluntarismo fiscal e práticas políticas antigas, sem a entrega de reformas estruturantes.
Uma economia travada e sem tração
A condução econômica do ministro Fernando Haddad é uma das áreas de maior desgaste dentro e fora do governo. Anunciado como nome técnico e conciliador, Haddad rapidamente perdeu apoio no mercado e, pior, no Congresso. Sua proposta de zerar o déficit público em 2025 gerou expectativas que hoje parecem improváveis de se cumprir. Para perseguir essa meta, o governo iniciou cortes em áreas sociais fundamentais, como saúde e educação, ao mesmo tempo em que propõe aumentos na carga tributária e estima receitas ainda incertas.
A base parlamentar, formada por federações frágeis e acordos pontuais com o centrão, não entrega estabilidade nem segurança para aprovação de medidas relevantes. Haddad, isolado entre as alas ideológicas do PT e sem respaldo do Planalto em momentos críticos, tornou-se figura decorativa de um projeto econômico que já não se sustenta na prática.
O escândalo bilionário do INSS
Se na economia os resultados decepcionam, no campo da moralidade pública o cenário é ainda mais alarmante. A recente operação “Sem Desconto”, da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), revelou uma fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que pode ultrapassar os R$ 6 bilhões em prejuízos causados a aposentados e pensionistas. As entidades envolvidas descontavam mensalidades sem autorização dos beneficiários — um esquema de gravidade institucional indiscutível.
O que torna o caso ainda mais politicamente sensível é a ligação de uma das entidades com o irmão do presidente Lula, Frei Chico. Embora não se tenha, até agora, confirmação de seu envolvimento direto no esquema, a associação coloca o governo em uma posição desconfortável. E o que se esperava como reação imediata — exonerações, investigações internas e posicionamento claro — simplesmente não aconteceu. O silêncio do Executivo e a lentidão em responsabilizar envolvidos mostram que o combate à corrupção, outrora bandeira central do discurso lulista, hoje ocupa posição secundária.
Um governo refém da sobrevivência
A retórica de reconstrução, justiça social e progresso cedeu espaço à velha política de articulações pontuais, loteamento de cargos e paralisia diante de reformas. O Brasil segue com um sistema tributário caótico, uma máquina pública ineficiente e um Congresso pautado por interesses fragmentados. O governo parece mais preocupado em manter-se de pé do que em liderar transformações.
A sociedade que esperava avanços concretos vê o oposto: promessas adiadas, escândalos abafados e retrocessos silenciosos. A reindustrialização defendida pelo programa Nova Indústria Brasil, por exemplo, vem acompanhada de medidas protecionistas que encarecem produtos sustentáveis e dificultam a transição ecológica. Enquanto isso, programas como o “Plano Nacional de Cuidados” e iniciativas ambientais carecem de orçamento e execução efetiva.
O risco de repetir o passado
Caso o governo Lula não promova uma inflexão real — com reformas de verdade, responsabilização em casos de má gestão e clareza nos rumos econômicos — corre o risco de encerrar o mandato como mais um ciclo de promessas vazias e decepção institucional. E o Brasil, uma vez mais, pagará o preço.
Sem reformas, sem crescimento e com a reputação manchada por casos de corrupção mal enfrentados, o governo atual já não tem mais o bônus da dúvida. O tempo da reconstrução passou. Agora, é hora de apresentar resultados — ou arcar com as consequências políticas e históricas da omissão.