Chegamos no período eleitoral, no mesmo ano do bicentenário da independência do Brasil, pouco se fala do acontecimento que marcou o surgimento do Brasil enquanto país independente. Quantas materiais de jornais falam sobre? Quantos brasileiros sabem sobre? O que importa realmente, para a imprensa, para os meios acadêmicos, para o debate público, são as eleições de 2 de outubro. Porém, mesmo que ignorem a história do Brasil — até em razão de que ambas as ideologias em disputa odeiam as nossas raízes fundantes, de um lado à esquerda marxista, pela falácia histórica que retrata o nosso descobrimento como roubo de riquezas indígenas por europeus sanguinários, do outro lado à direita de raiz liberal e americanista, que rejeita a ideia do catolicismo ibérico, contrário à raiz racionalista, capitalista e protestante da colonização anglo-saxão — a eleição deste ano retrata muito de nossa formação histórica e da psicologia do povo brasileiro.
Os dois líderes nas pesquisas, as duas forças motoras da politização raivosa do país, são filhos do sentimento sebastianista. Dom Sebastião, rei de Portugal, que se alistou voluntariamente e desapareceu em 4 de agosto de 1578, durante a “cruzada” contra os mouros no Marrocos (próximo de Gibraltar), na batalha de Alcácer-Quibir. O desaparecimento de Dom Sebastião levou a um sentimento messiânico em Portugal: “um dia, retornará Dom Sebastião, o rei heroico, aquele que trará de volta as glorias da Reconquista”. No Brasil a leitura foi diferente, aqui muito associado a Antônio Conselheiro em 1897, é o rei bom que vem de além mar nos libertar. Do messianismo “sebastianista-conselheirista” nasceu Getúlio Vargas. Lula e Bolsonaro são filhos contemporâneos desse messianismo. Os eternos messianismos na política brasileira. Lula, “o pai dos pobres”, o “libertador da miséria”. Bolsonaro, “o libertador do comunismo”, “enviado de Deus”. Ambos possuem uma militância que os ama, como a massa amava Vargas, como baianos de Canudos amavam Antônio Conselheiro.
Outro aspecto da nossa história tão esquecida, a nossa raiz monárquica, ajuda a explicar Bolsonaro e Lula. A República no Brasil surgiu de um golpe impopular e estranho. Uma união das influentes forças maçônicas e militares no século XIX. Os brasileiros, da colônia ao período como província (Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves) até a independência de Portugal, um período de quase 500 anos, se reconheciam como parte de uma nação monárquica. É a raiz de nosso formação antropológica e sociológica. Somos brasileiros tendo no Monarca aquele que representa o povo. A imagem simbólica e paternalista que nos deu Vargas não aconteceria em uma Monarquia, pois o ethos formador do povo brasileiro se construiu por 500 anos no olhar do imperador ou rei (no período provincial) como o pai nacional da coletividade costumeira do país. A República deixou um vácuo, criou o sentimento sebastianista-conselheirista, em que o povo, não importa o período histórico, busca o Monarca ou um Antônio Conselheiro contemporâneo, que supra esse vácuo deixado pela impopular República, é a busca pelo pai da nação, o símbolo da nação, do ethos brasileiro. É a razão do porquê populistas conquistam eleição após eleição no país. No fundo, Lula e Bolsonaro são tentativas de preencher o vácuo do Imperador destituído do trono sem o crivo do povo.
Termino o artigo recomendando o estudo da gloriosa história do Brasil. O Brasil descoberto pelo desejo de cristianizar o mundo. Do grande navegador Pedro Álvares Cabral, grão -mestre da Ordem de Cristo, herdeiro dos Cavaleiros Templários. De São José de Anchieta e Manoel da Nóbrega que catequizaram os povos indígenas , povos acostumados a práticas de sacrifícios humanos e canibalismo, e, com a chegada dos jesuítas, conheceram a Cruz de Cristo e a moral e ética católica!