Parte 1: Geopolítica
Nos últimos dias o debate a cerca do Coronavirus saiu um pouco das discussões a cerca das taxas de mortalidade e contaminação do virus para quais ações cada Estado Nação estaria adotando para conter e minimizar os danos da pandemia em seu território, com a situação caótica se instalando nos Estados Unidos e na Itália, colocando os dois países em situação ainda pior do que a China, origem novamente de uma pandemia em escala global. Qual o modelo correto para se enfrentar a crise do Coronavirus? A verdade é que nenhum país tem plena noção do que está fazendo e muito menos a OMS, que também carrega sua parcela de culpa ao repetidamente garantir para o mundo que estava tudo bem só para ver um mês depois o mundo mergulhado no caos. (https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2020/02/14/oms-afirma-que-epidemia-do-coronavirus-esta-controlada-no-resto-do-mundo.ghtml )
De quem é a culpa? Sim, Eduardo Bolsonaro estava certo nesse ponto, a culpa é sim da China e sim, o vírus não foi criado em laboratório (https://forbes.com.br/colunas/2020/03/pesquisa-refuta-boato-de-que-o-novo-coronavirus-foi-criado-em-laboratorio/), a culpa da China vem de ter segurado e adulterado informações para o resto do mundo por dois meses, ter tentado silenciar jornalistas( https://www.nytimes.com/2020/03/17/opinion/china-journalists-coronavirus.html) e o médico que descobriu a doença,que inclusive morreu vítima do COVID-19, todo aquele pacote típico de uma ditadura, daí vem o questionamento geopolítico, se o virus não é uma arma biológica existem interesses por trás dele? Por enquanto as evidências apontam que sim, embora o tiro tenha saído pela culatra, se a China esperava usar essa crise para sair fortalecida como a maior potência do mundo ela se deu mal, apesar das movimentações na bolsa de valores de empresas chinesas comprando papéis desvalorizados de empresas ocidentais, a crise do corona fez com que em vários países do ocidente o sentimento antichina crescesse de forma significativa mesmo em países conhecidos por um posicionamento favorável ao multiculturalismo como a França (https://www.city-journal.org/xi-jinping-our-principal-adversary), nos Estados Unidos a situação pode se revelar ainda pior para os interesses chineses, quanto mais o país é afetado pelo coronavirus mais se gera um consenso bipartidário que a China é o inimigo assim como a URSS era na época da Guerra Fria, como alerta o professor Walter Russell Mead (https://www.wsj.com/articles/beijing-escalates-the-new-cold-war-11584551652). Vejam bem que não é nenhum youtuber obscuro afeito a teorias da conspiração que está dizendo e sim um dos maiores especialistas vivos em Relações Internacionais. Mesmo o New York Times, jornal americano que representa os interesses do partido democrata escreveu editoriais culpando a China pelo caos generalizado ( https://epoca.globo.com/larry-rohter/a-pandemia-tem-um-culpado-china-1-24315628)
Além disso o presidente Donald Trump, maior empecilho na estratégia de poder global da China soube capitalizar como nenhum outro líder global, oferencendo tanto respostas a nação do ponto de vista da saúde e da economia quanto colhendo índices de aprovação na casa de 60% para a resposta dada a pandemia e também de aprovação quanto a seu mandato, quase liquidando a reeleição. (https://www.poder360.com.br/internacional/aprovacao-popular-de-trump-sobe-ao-nivel-mais-alto-de-seu-mandato-nos-eua/)
Antes da pandemia todos os cenários estavam favorecendo o ex vice presidente Joe Biden, é importante lembrar que os institutos de pesquisa americanos haviam corrigido sua metodologia após o fiasco que foi para eles em 2016 quando quase nenhum acertou a eleição de Trump. Biden que havia ressurgido como uma fênix na chamada Superterça (data das eleições americanas que a maioria dos estados realizam suas primárias), representava uma política externa que daria mais espaço e possibilidades de acúmulo de poder para a China, assim como Obama deu, paralelamente Bernie Sanders mais uma vez morreu na praia com seu neomarxismo. Essa criação de consenso na política americana, de que a China é o inimigo se provará muito pior para Beijing no longo prazo do que qualquer ganho financeiro que eles possam ter tirado mergulhando o mundo na pandemia.
Agora a pergunta de um bilhão de dólares, como a China irá pagar pelo que fez ? Existem várias possibilidades inclusive a possibilidade de não acontecer nada, Beijing já deu provas de que de nada adianta os denunciar na OMC por Dumping ou qualquer outra violação, portanto como resposta rápida só resta a militar, e não, nem a China conseguiria aguentar uma aliança entre a Europa e os Estados Unidos, basta uma olhada no Global Fire Power para comparar as forças de lado a lado, existe inclusive capacidade de usar tantas bombas nucleares que os países ocidentais poderiam inclusive acabar com a capacidade de retaliação do regime chinês mas como o grande mestre militar Carl Von Clausewitz dizia, “ a guerra sempre é política ”. Portanto o mais provável, ao menos nesse instante é que os países ocidentais fortaleçam ainda mais os laços entre si, o que além de simbólico (herança comum) é relevante em momentos que especialmente a europa sofre com a islamização e que eles precisam aos poucos reduzir o grau de dependência com relação a China no comércio internacional.
Parte 2 : Economia e Saúde
A parte econômica pode ser resumida em duas palavras. Keynes vive, o mais famoso economista do século XX retornou em grande estilo junto com o debate econômico a cerca do coronavirus, Keynes é um daqueles autores mal compreendidos tanto pela direita quanto pela esquerda. Dada essa controvérsia planejo oferecer uma explicação mais próxima da realidade quanto ao nome do economista britânico. John Maynard Keynes nunca foi de esquerda, nunca teve simpatias ditatoriais e nunca se deixou seduzir pelo comunismo como muitos intelectuais de sua época como explicado na obra Keynes x Hayek do jornalista britânico Nicholas Wapshott, sua Magnum Ops não é uma obra dedicada a destruição do capitalismo como muitos liberais mais radicais colocam, sua obra foi escrita para salvar o sistema de livre mercado e não para acabar com ele, no contexto da década de 30 parecia que o capitalismo seria destruído ou pelo comunismo ou pelo fascismo, soma-se a isso a grave crise financeira de 1929.
O que parte da direita não entende é que Keynes não pode ser culpado pelo que os chamados pós keynesianos fizeram como apontado por Roger Scruton na obra Usos do pessimismo, a política de Keynes é desenhada unicamente e somente para momentos de crise, o que os pós keynesianos fizeram foi aplicar sua política em momentos de equilíbrio macroeconômico e aí que mora o perigo. Outro entendimento equivocado é que as posições de ortodoxia e heterodoxia econômica se encaixam perfeitamente nos espectros políticos de direita e esquerda, isso é falso, Benjamin Disraeli considerado por muitos o segundo melhor primeiro ministro da história do Reino Unido era do partido conservador mas não era liberal, sempre foi protecionista, o próprio Donald Trump não segue nenhuma cartilha liberal seja a da escola Austríaca ou da escola de Chicago de economia. Isso os torna menos conservadores? De forma alguma, em situações normais também sou adepto do chamado Minarquismo ou teoria do guarda noturno. Entretanto a pandemia do Coronavirus não é uma situação normal, portanto acho que sim, a melhor saída são fortes estímulos fiscais e monetários por parte dos governos e bancos centrais para impedir que tenhamos que lidar com uma recessão durante os efeitos da pandemia. A escolha real é, recessão e pandemia ou pandemia e no médio prazo uma recessão ? Me parece óbvio que a escolha correta é a segunda. A nível interno o Brasil vem fazendo um excelente trabalho se isolarmos a gestão da crise conduzida pelo presidente Bolsonaro, o BNDES, a Caixa Econômica Federal e o Banco Central agiram corretamente a altura do que a urgência da situação pedia. (https://www.infomoney.com.br/economia/com-crise-banco-central-ja-anunciou-r-12-trilhao-em-recursos-para-bancos/)
Aqui é que fica polêmico, eu nunca vi, em lugar algum do mundo alguém se esforçar tanto para atrair marketing negativo para si do que o presidente Bolsonaro nessa crise do coronavirus, o que é tão irônico na situação é que enquanto os vários ministérios e orgãos do governo fazem tudo certo, (atraindo elogios até da oposição, Mandetta é o homem mais popular do país no momento) o presidente age para canibalizar e anular esses próprios atos, abrindo flanco para toda a sorte de acusações de negligência com a saúde pública e desrespeito com a própria cadeira de presidente de república.
Bolsonaro se defende dizendo que está pensando na economia, mas vamos analisar com base científica séria e não especialistas de YouTube. Alguns dados para vocês, o Banco Central do Brasil injetou 1.216,2 trilhão de reais, isso é nada mais nada menos do que 16.7% do PIB para uma crise que num cenário negativo irá durar cerca de 4 meses ou 120 dias, o BNDES injetou 55 Bilhões (https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/bndes-contra-o-coronavirus) , a Caixa Econômica Federal injetou 111 Bilhões de reais (https://caixanoticias.caixa.gov.br/noticia/20637/coronavirus-caixa-anuncia-novas-medidas-de-estimulo-a-economia-brasileira) e no escopo internacional, aqui meus parabéns ao presidente Bolsonaro e sua aliança com os EUA tão atacada pela esquerda, o FED ofereceu para países aliados mais de 80 Bilhões de dólares em Swap Cambiais, ao todo o G20 colocou mais de 7.4 Trilhões na economia mundial (https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/03/26/em-encontro-virtual-lideres-dos-maiores-paises-tentarao-coordenar-resposta-ao-coronavirus.ghtml) e somente Donald Trump injetou 2 trilhões na economia americana( https://veja.abril.com.br/mundo/coronavirus-eua-chegam-a-acordo-por-pacote-de-2-trilhoes-de-dolares/), Então peço vênia aos mensageiros do apocalipse econômico mas o argumento de desemprego em massa, falências, assassinatos, violência e um cenário quase de Venezuela e etc… são apenas um espantalho,o próprio governo agora ao meio dia garantiu o pagamento de dois meses de salário para as pequenas e médias empresas, medida essa que irá preservar mais de 10 milhões de empregos e beneficiar mais de 1 milhão de empresas. (https://oglobo.globo.com/economia/governo-financiara-salario-de-funcionario-de-pequenas-medias-empresas-com-40-bi-em-credito-24333027 ) com tantas ações visando garantir emprego, renda e liquidez no mercado percebam que não encontra sustentabilidade no mundo real o discurso apocalíptico , números não mentem. O Brasil não corre risco de falência por parar a atividade econômica para combater o coronavirus, muitos estão esquecendo que o vírus ataca não só a oferta mas também a demanda, de nada adianta manter meu comércio aberto se não vai haver consumo, aliás meu prejuízo de ficar aberto é maior do que ficando fechado pois eu tenho custos fixos de luz, energia e água que foram dispensados para as casas devido a ação de alguns governadores mas não para o comércio. Me pergunto se pensaram nisso os comerciantes ao pressionar pela reabertura ainda antes do momento de pico da pandemia no país marcado pelo próprio ministro da Saúde para o mês de Abril, qualquer aumento no número de mortos vai para a conta do presidente Bolsonaro e novamente será forçado a passar para a quarentena horizontal para quebrar a cadeia de transmissão do vírus.
Alguém pode apontar acertadamente que iremos pagar com uma recessão por usar essas medidas de incentivos fiscais e monetários, não estão errados. Houve uma grande injeção de liquidez no mercado, uma bomba atômica de liquidez para ser sincero e toda vez que isso acontece a teoria dos ciclos econômicos indica bem que existe uma recessão, os juros estão no menor patamar da história no Brasil 3,25% , nos Estados Unidos estão no mesmo nível da crise de 2008 entre 0% e 0,25% e na Europa são negativos, assim que acabar a pandemia seja pelo tempo natural dela, o descobrimento de um remédio ou de uma vacina o consumo terá um aumento exponencial e artificial, com isso o PIB vai disparar e a inflação também e quando os juros dos empréstimos contraídos voltarem ao patamar real do mercado a bolha estoura. E teremos uma nova recessão, deve ser algo semelhante em escala ao que ocorreu em 2008
Outro argumento que escutei muito seria o de Lobby de grandes empresários pelo fim da quarentena, esse não faz sentido nenhum economicamente, as grandes empresas tem capital de giro para permanecer, e após qualquer crise macroeconômica melhoram sua posição no mercado pois os concorrentes menores fecham, com isso se sai do mercado de concorrência perfeita para a concorrência monopolística, quando uma empresa consegue exercer mais influência no mercado como um todo, o açougueiro da esquina não consegue fazer lobby, quem faz é a JBS e quanto menos players no mercado melhor pra ela, ainda que seja pior para a população.
Na medicina existe divergência científica quanto a efetividade dos tipos de quarentena. Quais são os tipos? Horizontal e Vertical, na horizontal defendida pela ampla maioria dos médicos, biólogos e infectologistas, incluindo o presidente da associação brasileira de infectologia apenas os serviços essenciais funcionam para manter o abastecimento das cidades, na Vertical endossada pelo presidente Bolsonaro se isola apenas os grupos de risco, outros países tentaram aplicar ou aplicaram Japão, Holanda, Cingapura, Taiwan, se pode notar que são países pequenos com um nível educacional acima do brasileiro, aqui se você dizer para não haver concentração de pessoas todos estarão na praia ou no Shopping Center, pois é uma população realmente não instruída em sua maioria,portanto sem ações enérgicas o combate ao vírus será prejudicado.A Inglaterra, país com níveis educacionais muito maiores do que os nossos tentou aplicar a quarentena vertical e foi forçado a voltar atrás devido a explosão do número de casos, a Itália tentou algo parecido e hoje reconhece o erro, hoje mesmo saiu a notícia, inclusive com o prefeito de Milão pedindo desculpas por uma campanha publicitária no mesmo sentido da planejada pelo governo federal brasileiro, (https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/03/27/italia-ainda-nao-atingiu-o-pico-do-contagio-do-coronavirus-diz-o-chefe-de-saude-nacional-do-pais.ghtml) Nova York fez o mesmo e hoje tem 7% dos casos mundiais lá. Nada me convence que a quarentena vertical seja efetiva, especialmente após a divulgação de uma pesquisa pelo jornal britânico Daily Mirror de que 14% dos pacientes curados foram contaminados novamente. (https://www.dailymail.co.uk/news/article-8155405/Up-14-cent-recovered-coronavirus-patients-China-test-positive-doctors-reveal.html?ito=native_share_article-top) isso coloca em dúvida a chamada teoria da imunização coletiva defendida pelo presidente Bolsonaro, todo o pensamento de Bolsonaro se baseia que indíviduos saudáveis vão pegar o vírus e com isso desenvolver anticorpos para não transmitir aos idosos, mas o risco de recontaminação joga essa teoria por terra e pode ampliar e muito o número de infectados e vítimas no Brasil. Se nós não estamos numa situação tão feia quanto Espanha, Itália e os Estados Unidos isso aconteceu não porque somos especiais, mas porque aplicamos a quarentena antes.
Outra coisa que vem me irritando profundamente é como a direita sucumbiu a argumentos que até outro dia catagorizariamos como vitimistas, populistas e ao coitadismo, luta de classes é método marxista e a direita que está usando jogando ricos contra pobres, se vocês observarem a leitura correta do conservadorismo desde Edmund Burke verão que a única ideologia que jamais trocou a vida humana por algum benefício político ou econômico foi o conservadorismo até então, até reconheço que os problemas de ordem filosófica estão muito longe do dia a dia da sociedade mas eles impactam. Como nós conservadores vamos fazer nosso julgamento moral de certo e errado tão necessário para nossa própria ideologia se um governo conservador está lavando as mãos com relação ao bem mais precioso de todos? Eu até esperaria tal atitude de um governo liberal ou social democrata pois eles são materialistas, os bens materiais tem hierarquia superior para eles, ao menos seria coerente teoricamente falando. Infelizmente o Brasil parece ter feito sua escolha, privilegiar a economia em detrimento da saúde. Não sou sociopata a ponto de desejar que tudo dê errado para comprovar meu ponto de vista, entretanto os riscos são muito altos e desnecessários.
https://www.city-journal.org/xi-jinping-our-principal-adversary
https://www.wsj.com/articles/beijing-escalates-the-new-cold-war-11584551652
https://epoca.globo.com/larry-rohter/a-pandemia-tem-um-culpado-china-1-24315628
https://exame.abril.com.br/economia/fed-anuncia-ajuda-a-8-paises-e-preve-ate-us-60-bi-ao-brasil/
https://www.wsj.com/articles/china-is-not-a-coronavirus-role-model-11585005002