Trump entendeu algo muito simples: os Estados Unidos não ganham nada ao comprar briga com a Rússia para sustentar um fantoche-palhaço — fantoche de Soros, da USAID, da OTAN — como Zelensky.
George F. Kennan, renomado diplomata e historiador americano, alertou que a expansão da OTAN poderia resultar em uma nova Guerra Fria entre os Estados Unidos e a Rússia. Ele descreveu essa expansão como um “erro estratégico de proporções potencialmente épicas”. Em um artigo de opinião publicado em 5 de fevereiro de 1997 no The New York Times, Kennan classificou a decisão do governo Clinton de expandir a OTAN até as fronteiras da Rússia como “o erro mais fatídico da política americana em toda a era pós-Guerra Fria”. Ele argumentou que tal movimento provavelmente “inflamaria as tendências nacionalistas, antiocidentais e militaristas na opinião pública russa; teria um efeito adverso no desenvolvimento da democracia russa; restauraria a atmosfera da Guerra Fria nas relações Leste-Oeste; e impulsionaria a política externa russa em direções decididamente não do nosso agrado”. Foi exatamente isso que aconteceu.
Não existiria um Putin antiocidental se o Ocidente não tivesse adotado uma postura hostil em relação à Rússia. Putin chegou a apoiar a fracassada “guerra ao terror” de Bush. A relação entre o Kremlin e o Ocidente não era hostil. Entretanto, os Estados Unidos não cumpriram a promessa de James Baker. Durante as negociações para a reunificação da Alemanha em 1990, líderes ocidentais, incluindo o então secretário de Estado dos EUA, James Baker, discutiram com autoridades soviéticas a possibilidade de limitar a expansão da OTAN. Baker teria assegurado ao líder soviético Mikhail Gorbachev que a OTAN não avançaria “nem uma polegada para o leste”. Entretanto, a partir de 2004, a OTAN iniciou uma expansão significativa, incorporando vários países do antigo bloco de influência soviética. Em 29 de março de 2004, sete nações aderiram à aliança: Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia, Eslováquia e Eslovênia. Promessa não cumprida.
As relações entre Moscou e o Ocidente permaneceram hostis desde então. A única liderança ocidental que tentou uma aproximação com Moscou antes de Trump foi Angela Merkel, que chegou a vetar a entrada da Ucrânia na OTAN. O golpe de Estado em forma de revolução colorida do Euromaidan, patrocinado por Soros e financiado pela USAID, depôs o legítimo presidente Viktor Yanukovych e transformou a Ucrânia em um protetorado dos EUA e da OTAN. Esse evento foi a pá de cal. A reação da Rússia foi a anexação da Crimeia, e foi ali que a guerra da Ucrânia realmente começou. O conflito que vivemos hoje é o ápice da guerra iniciada em 2013.
Trump buscou se reaproximar da Rússia e compreendeu o que Kennan dizia, o que foi muito bem-sucedido em seu primeiro mandato, enquanto concentrava esforços no real adversário dos Estados Unidos: a China. Com a chegada de Biden ao poder, o establishment atlantista, os neoconservadores, George Soros retomaram a Casa Branca e partiram para uma ofensiva insana contra a Rússia. Buscando expandir ainda mais a OTAN para o leste, chegaram à mais importante fronteira russa com a Europa: a Ucrânia. O resultado foi uma guerra sanguinária, ucranianos servindo de bucha de canhão para o fantoche-palhaço, uma aliança histórica entre Rússia e China, e o acirramento do debate sobre um sistema financeiro, geopolítico e militar alternativo ao bloco ocidental. Rússia e China se uniram contra uma Europa decadente e desarmada e contra um Estados Unidos em declínio, governado por um idoso senil que despejava dinheiro dos cidadãos americanos em uma guerra que eles não viam sentido em continuar financiando.
Trump tentou, de forma imperialista e sem pudor, tomar terras raras da Ucrânia em troca de apoio, proposta recusada por Zelensky, que queria receber recursos dos Estados Unidos sem contrapartida. Trump não acredita no discurso neoconservador de expansão da democracia liberal pelo mundo, nem no pós-guerra dos Estados Unidos como polícia global bancando a defesa dos europeus. Trump não pensa como um globalista, mas como um imperialista clássico. O que lhe interessa é o que o império pode ganhar e perder em uma relação mercantil, protecionista e nacionalista. Pouco importa a defesa das “democracias ocidentais”; o que importa é o que o império ganha ou perde. Isso explica não apenas sua postura na guerra da Ucrânia, mas também sua política tarifária.
É um presidente de ruptura. E um presidente que compreendeu Kennan. Seu objetivo é claro: desmantelar a aliança formidável que se consolidou entre Rússia e China após a escalada da guerra na Ucrânia e as sanções ocidentais, trazendo a Rússia para, se não um aliado, ao menos um não adversário. O verdadeiro inimigo dos EUA é a China.
E isso pode ser bom para a Europa. A postura de Trump, ao forçar os europeus a repensarem sua dependência dos Estados Unidos, pode ser o empurrão necessário para que a Europa deixe de lado a covardia e a fraqueza que a caracterizaram nas últimas décadas. A Europa precisa se militarizar e assumir a responsabilidade por sua própria defesa, em vez de depender eternamente do guarda-chuva americano. A militarização europeia, embora desafiadora, poderia restaurar o equilíbrio de poder no continente e fortalecer sua posição geopolítica global. Em vez de ser um mero apêndice dos EUA, a Europa poderia se tornar um ator independente e estratégico, capaz de defender seus interesses sem submissão a Washington. A era da complacência acabou, e a Europa deve acordar para a nova realidade.