É complexo expor em poucas linhas sobre a cultura judaica e a história de Israel desde a antiguidade até os tempos modernos. Entretanto, podemos arguir que em virtude do desejo de dominar àquele pedaço de terra considerado sagrado para as três religiões abraâmicas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo) no oriente médio, o local sempre foi marcado por grandes batalhas, de acordo com registros históricos e até mesmo bíblicos, que consequentemente fizeram que os Judeus fossem exilados de sua própria terra e assim outros povos como os Romanos, os Gregos, os Árabes, os Drusos e os Bahais imigrarem para a região, por exemplo, sendo alguns destes, residentes até a atualidade naquela localidade.
De acordo com os registros históricos, no tocante ao sofrimento, ao exílio e as tentativas de extermínio ocorridos, os Judeus aprenderam uma lição: Sozinhos nunca conseguiriam ser capazes de vencer seus algozes. Se uns não ajudassem os outros, simplesmente os judeus e todas as riquezas culturais desapareceriam na face da terra.
Assim criou-se o senso de comunitarismo. Os Kibutzim (Kibutz no singular) são um grande exemplo deste senso judaico. Criados em 1910 na sociedade israelense, os kibutzim são agrupamentos em que funcionam comunidades com as seguintes características: atividades agrícolas, propriedades coletivas, igualdade social, meios de produção próprios, distribuição da produção para a comunidade e prioridade à educação das crianças.
A existência destas comunidades, ao menos em seu intuito inicial, remete à filosofia nacionalista do Sionismo, que tinha o objetivo de agrupar forças de trabalho para o ressurgimento da nação israelense. Na política dos kibutzim, há uma assembleia em que são eleitos os membros da direção. Após escolhidos, os líderes manifestam as diretrizes que os agrupamentos devem seguir nos planos estratégico e econômico, mas não possuem nenhum tipo de privilégio em relação aos outros integrantes da comunidade.
Após a independência de Israel, os kibutzim forneceram cerca de 20% dos principais oficiais militares do país. Além disso, em algum momento, cinco primeiros-ministros foram seus membros: David Ben-Gurion, Levi Eshkol, Golda Meir, Shimon Peres e Ehud Barak. Em 1950, 65 mil pessoas – cerca de 5% da população nacional – viviam nessas comunidades.
A sua eminente queda ocorreu na década de 1980[1], por conta da revolta no tocante à criação coletiva de filhos e o crescente desejo das mulheres por terem roupas próprias, em vez de usarem peças de propriedade coletiva. De fato, é possível identificar características socialistas nos kibutzim. Contudo, o socialismo, de maneira tradicional, demonstrou ser um movimento fracassado no decorrer da história.
Em outra toada, os Judeus como povo aprenderam a ser resilientes e a transformar a própria má sorte em esperança; Aprenderam, além de tudo, sentindo na própria pele, em razão de terem sido cativos e escravizados, acerca da importância da liberdade dos seres humanos, principalmente para expressar-se.
Para tanto que os judeus eram um dos poucos povos da antiguidade que aceitavam o divórcio. Na antiguidade não existiam sociedades seculares como hoje, portanto, os judeus eram atrelados ao Judaísmo como religião e cultura. Digo atrelados ao Judaísmo como religião, pois, Judaísmo é, considerado na atualidade como o estilo de vida do povo judeu, podendo um judeu ser ou não ser religioso.
Dentro do judaísmo existe a possibilidade do divórcio. Este procedimento é denominado como “guerushin”, “separação”, ou simplesmente “guet”, que é o nome do documento do divórcio. O divórcio religiosamente falando é um dos preceitos positivos da Torah. Em caso de separação, o marido deve escrever um sefer-critut (um documento de rompimento) entre ele e a sua esposa, conforme consta na Torah, no livro Deuteronômio (Devarim), XXIV. É visto como um ato de compaixão, consideração e até mesmo uma gentileza. Quando percebe que as coisas não funcionam, que há sofrimento, que o casal não consegue levar o casamento adiante, de jeito algum, dá-se, então, uma orientação que pode ser seguida: a separação, o divórcio. É como um livro de receitas: se você acertou a receita, muito bem. Se enganou? Então existem outros pratos nos quais os ingredientes podem ser aproveitados.
Isso, de certa forma, mostra que os Judeus sempre defenderam à liberdade de escolha e de expressão, desde os tempos antigos. Além disso, no decorrer da história, ao contrário do que a mídia de viés multiculturalista e progressista diz, Judeus sempre conviveram pacificamente com outros povos, principalmente com Árabes e Turcos.
Após a queda dos Kibutzim, o senso de comunitarismo, respeito e a defesa da liberdade prevaleceram entre os judeus Israelenses, que são maioria naquele país, em face das outras etnias, independentemente da influência entre princípios esquerdistas e direitistas no sistema governamental.
Tanto foi e é que desde a sua refundação no ano de 1948, existiu em Israel a alternância de poder entre esquerda e direita, acontecimento este comum em países democráticos e com tendências abertas ao diálogo.
Para entender os impactos dessa reforma judicial se faz necessário fazer uma breve análise de todos os chefes de governo que passaram por Israel até o atual.
Assim, após os governos de David Ben-Gurion, Levi Eshkol e Golda Meir, outros ocuparam o cargo de premiê, sendo eles:
– Yitzhak Rabin: Foi eleito presidente do Partido Trabalhista de Israel em fevereiro de 1992 e, nas eleições nacionais de junho de 1992, foi eleito primeiro-ministro;[2]
– Moshe Sharett:Sharett tornou-se ministro das Relações Exteriores no primeiro governo, cargo que ocupou até 1956. Ele estabeleceu o serviço diplomático do país e as relações bilaterais com dezenas de países e com a ONU, da qual Israel se tornou membro em 1949.
As esperanças de Israel de que os acordos de cessar-fogo após a Guerra da Independência levariam à assinatura de um tratado de paz foram destruídas e, com o passar do tempo, o número de incidentes violentos entre Israel e seus vizinhos árabes aumentou. Israel adotou uma política de retaliação contra os estados árabes, política que se tornou uma fonte de tensão entre Sharett e o primeiro-ministro Ben-Gurion. Sharett acreditava que essa política enfraqueceu o status internacional de Israel e falhou em atingir seu objetivo – o fim dos ataques árabes.
Em janeiro de 1954, depois que David Ben-Gurion se aposentou, Sharett foi eleito primeiro-ministro. Seu mandato foi obscurecido pela continuação dos incidentes na fronteira que pioraram as relações internacionais de Israel e pela descoberta de um grupo de espiões israelenses no Egito que operava sem o conhecimento do primeiro-ministro. Com a aposentadoria de Pinchas Lavon como ministro da Defesa, Ben-Gurion voltou à arena política e chefiou o Mapai nas eleições de 1955. Em novembro de 1955, ele formou um novo governo e Sharett foi nomeado ministro das Relações Exteriores. Permaneceu no cargo, apesar das crescentes divergências com o primeiro-ministro, até junho de 1956, quando foi forçado a renunciar.
Após a aposentadoria, Sharett tornou-se presidente da editora “Am Oved”, presidente do Beit Berl College e representante do Partido Trabalhista na Internacional Socialista.[3]
– Menachem Begin:Em 1931, Begin começou a estudar direito na Universidade de Varsóvia, graduando-se em 1935. Ele logo alcançou importantes cargos administrativos e de liderança no movimento Betar e, em 1932, tornou-se membro da administração nacional de Betar na Polônia e chefe de seu Departamento Organizacional. Em 1937 foi nomeado representante Betar na Tchecoslováquia, e em 1939 foi eleito por Jabotinsky como Chefe da Betar Polônia, uma organização que treinou aproximadamente 70.000 jovens para missões de defesa e imigração “ilegal” para a terra de Israel.
Após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Begin escapou de Varsóvia e encontrou refúgio em Vilnius, na Lituânia. Em 1940, ele foi preso pelo NKVD de Stalin e condenado a 8 anos de prisão em um campo de trabalhos forçados na Sibéria.
Após a invasão da União Soviética pela Alemanha nazista em 1941, Begin foi libertado e alistou-se no exército polonês do general Andres. Nesse contexto, ele chegou a Israel em 1942.
Em 1943 foi dispensado do exército, e logo depois foi nomeado Comandante do Irgun Zva-i Leumi (Etzel), cargo que ocupou até a dissolução da organização em 1948. Em Em fevereiro de 1944, sob a liderança de Begin, o Etzel convocou uma revolta contra as autoridades do Mandato Britânico e iniciou uma série de ações militares que continuaram até o final de 1947. Durante este período, Begin comandou as operações do Etzel, incluindo a fuga da prisão de Akko, a libertação de os prisioneiros subterrâneos e o bombardeio do King David Hotel em Jerusalém.
No outono de 1945, foi estabelecido o “Movimento de Resistência Hebraica”, que uniu “Hagana”, “Etzel” e “Lehi” em uma luta comum contra os britânicos, com Begin servindo como representante de Etzel na sede do movimento até se desfez em 1946.
Após o estabelecimento do Estado de Israel em 1948, Begin fundou o movimento “Herut” e liderou sua campanha eleitoral e atividades de oposição no Knesset de 1949-1965. Durante os anos 50, ele liderou a luta pública contra a aceitação das reparações alemãs pelo Holocausto. Em 1965, “Herut” e o Partido Liberal se fundiram e formaram “Gahal”. Eles se uniram em 1973 e, com a participação de vários outros partidos, fundaram o Likud. Nesse período, Begin atuou como líder do partido e chefe das facções de oposição no Knesset. Em 1967, às vésperas da Guerra dos Seis Dias, Gahal ingressou no Governo de Unidade Nacional, e Begin foi nomeado Ministro sem Pasta, cargo que ocupou até 1970, quando Gahal renunciou ao governo devido à recusa deste em aceitar a proposta de Rogers.
Quando o Likud venceu as eleições de 1977, Begin foi nomeado primeiro-ministro. Ele hospedou o presidente egípcio Anwar Sadat em sua visita histórica a Jerusalém em 1977 e, em 1979, após longas negociações, assinou o acordo de paz com o Egito em Washington. No mesmo ano, ele ganhou o Prêmio Nobel da Paz, juntamente com o presidente Sadat. Após a aposentadoria de Ezer Weizman em 1980, Begin assumiu o cargo de Ministro da Defesa e, em 1981, ordenou que a Força Aérea de Israel bombardeasse o reator nuclear de Osirak no Iraque.
Em 1981, ele foi reeleito primeiro-ministro e, em 1982, Israel lançou a Operação Paz para a Galiléia para destruir a infra-estrutura terrorista no Líbano. A situação adversa no Líbano e a morte de sua esposa Aliza em novembro de 1982 levaram Begin a renunciar ao cargo de primeiro-ministro em setembro de 1983. Ele passou o resto de sua vida em reclusão e raramente era visto em público.
Menachem Begin faleceu em março de 1992 e está enterrado no Monte das Oliveiras em Jerusalém. Ele deixa um filho, Benjamin Zeev, e uma filha, Hasia.[4]
– Yitzhak Shamir:Eleito para o Knesset em 1973 em nome do Likud, Shamir foi membro do Comitê de Relações Exteriores e Defesa e do Comitê de Controladoria do Estado. Em 1977 foi nomeado presidente do Knesset, cargo que ocupou até 1980.
Após a renúncia de Moshe Dayan em 1980, Shamir ingressou no Gabinete e assumiu o cargo de Ministro das Relações Exteriores. Ele continuou nesta posição após as eleições de 1981. Nessa função, presidiu as negociações com o Egito sobre o processo de normalização pós-tratado e iniciou contatos diplomáticos com vários países africanos que haviam rompido relações com Israel após a Guerra do Yom Kippur. Após a Operação Paz para a Galileia em 1982, ele supervisionou as negociações com o Líbano sobre um acordo de paz (que nunca foi ratificado pelo governo libanês).
Em outubro de 1983, Shamir sucedeu Menachem Begin como primeiro-ministro. Após a eleição de 1984, foi nomeado vice-primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Governo de Unidade Nacional. Juntamente com o ministro da Defesa, Moshe Arens, Shamir trabalhou para criar uma estrutura para a cooperação estratégica EUA-Israel e um acordo de livre comércio entre os dois países. Em 1986, Shamir voltou ao cargo de primeiro-ministro, alternando o mandato com o presidente trabalhista, Shimon Peres.[5]
– Shimon Peres:Em 1947, ele foi recrutado para as Forças de Defesa Haganah e foi responsável pela compra de pessoal e armas. Ele continuou neste posto durante a primeira parte da Guerra de Independência de Israel. Em 1949, foi nomeado chefe da delegação de compras de armas do Ministério da Defesa nos Estados Unidos. Ele retornou a Israel em 1952 e foi nomeado Diretor Geral Adjunto do Ministério da Defesa. Em 1953 assumiu o cargo de Diretor-Geral do Ministério da Defesa. Nessa capacidade, ele consolidou as relações com a França e promoveu o desenvolvimento da indústria aeronáutica de Israel.
Em 1959 foi eleito para o Knesset. De 1959 a 1965, ele atuou como vice-ministro da Defesa. Em 1965, junto com David Ben-Gurion, ele deixou o Partido Trabalhista de Mapai e tornou-se o Secretário Geral de Rafi (Lista de Trabalhadores de Israel). Em 1968, ele iniciou o retorno de Rafi a Mapai, que formou o Partido Trabalhista de Israel.
Em 1969, Peres foi nomeado Ministro da Absorção e recebeu a responsabilidade pelo desenvolvimento econômico da Judéia e Samaria. Em 1970, assumiu o cargo de Ministro dos Transportes e Comunicações. Em 1974, após um período como Ministro da Informação, foi nomeado Ministro da Defesa no governo de Rabin e, nessa função, supervisionou a reorganização das IDF após a Guerra do Yom Kippur.
Após a renúncia de Yitzhak Rabin em abril de 1977, Peres foi eleito presidente do partido. Ele chefiou o Ma’arach nas eleições de 1977 e foi o líder da oposição até 1984. Durante esse período, ele foi fundamental na reabilitação do Partido Trabalhista de Israel.
Em 1978 foi eleito vice-presidente da Internacional Socialista, organização na qual desempenhou um papel muito ativo durante os anos de oposição.
Após o estabelecimento do Governo de Unidade Nacional em setembro de 1984, ele assumiu o cargo de primeiro-ministro e ocupou esse cargo por dois anos. Durante este período, ele se esforçou para consolidar as relações de Israel com o Egito. De 1986 a 1988, ele atuou como vice-primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores no governo de Shamir. Após as eleições de 1988, um governo de unidade nacional foi restabelecido, e Peres foi nomeado vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, cargos que ocupou até a dissolução do governo em 1990.[6]
– Ehud Barak:Após o assassinato do primeiro-ministro Rabin, em novembro de 1995, o Sr. Barak foi nomeado ministro das Relações Exteriores do governo Shimon Peres.
Em maio de 1996, Ehud Barak foi eleito para o 14º Knesset na chapa do Partido Trabalhista e foi um dos principais membros do Comitê de Defesa e Relações Exteriores.
O Sr. Barak foi eleito presidente do Partido Trabalhista em junho de 1997, e nas eleições de maio de 1999, com uma maioria esmagadora, foi eleito o 10º Primeiro Ministro do Estado de Israel e seu Ministro da Defesa.
Durante seu mandato, o primeiro-ministro Barak levou Israel de uma recessão prolongada para um boom econômico, com crescimento anual de 5,9%, investimentos estrangeiros recordes, inflação próxima de zero, déficit reduzido pela metade e dívida externa significativamente reduzida. O núcleo dos esforços do governo Barak foi dedicado ao processo de paz: em maio de 2000, o primeiro-ministro Barak ordenou a retirada das FDI do sul do Líbano, encerrando 18 anos trágicos e sangrentos da presença de Israel ali. Ele liderou grandes esforços para negociar acordos de paz, primeiro com a Síria e depois com a Autoridade Palestina, com a participação ativa do presidente Bill Clinton e seu governo. Lamentavelmente, essas negociações não resultaram nos avanços necessários para a conclusão de acordos finais.
Após o recrudescimento das hostilidades com os palestinos e o impasse nas negociações, o primeiro-ministro Barak renunciou. Ariel Sharon (Likud) venceu as eleições seguintes, e o primeiro-ministro Barak tirou uma licença da arena política.[7]
– Ariel Sharon: Eleito primeiro-ministro de Israel, formou um governo de unidade nacional. Durante o mandato do governo de unidade nacional, Israel lançou a Operação Escudo Defensivo e começou a construir a cerca de segurança.Sharon foi um dos grandes promotores da expansão de assentamentos israelenses nos territórios palestinos ocupados. Ele também iniciou a construção do polêmico muro da Cisjordânia.Muitos no mundo árabe odiavam o ex-primeiro-ministro por associá-lo ao massacre de dezenas de palestinos no campo de refugiados de Sabra e Chatila, no Líbano, em 1982.
Sua reputação como um defensor incondicional dos interesses de Israel lhe deu autoridade para tomar decisões difíceis quando era premiê. Em 2005, por exemplo, ele determinou a retirada das forças israelenses de Gaza.
Ele foi um dos últimos líderes da geração dos que fundaram o Estado de Israel, em 1948, e muitos no país acompanharam a sua saída da vida pública e a deterioração de sua saúde nos últimos anos com grande tristeza.[8][9]
– Ehud Olmert:Antes das eleições para o 10º Knesset, foi nomeado diretor da sede informativa do partido Likud, que, com 48 mandatos, comemorou seu maior sucesso de todos os tempos.
Nos 10º e 11º Knessets, Olmert foi membro do Comitê de Relações Exteriores e de Segurança pela primeira vez, ao mesmo tempo em que atuou no Comitê do Knesset.
No final de 1988, quando Yitzhak Shamir formou seu terceiro governo, Olmert foi nomeado ministro sem pasta, encarregado de assuntos minoritários. Em junho de 1990, depois de atuar como ator decisivo nas negociações da coalizão nos bastidores, foi nomeado Ministro da Saúde. Olmert escolheu servir no Ministério da Saúde porque acreditava que mudanças significativas poderiam ser feitas ali.
Em 4 de janeiro de 2006, quando o primeiro-ministro Ariel Sharon não pôde continuar cumprindo suas funções, sua autoridade foi transferida para Olmert. Quatro meses depois, depois que a lista do Kadima, encabeçada por Olmert, conquistou o maior número de mandatos nas eleições para o 17º Knesset, ele foi empossado como primeiro-ministro de Israel no Knesset.
Através de Ehud Olmert que Israel hoje é um dos únicos países do mundo com acordos de livre comércio com os três maiores centros comerciais do mundo: o NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), um acordo com a União Européia e outro com o Mercosul. Além disso, Olmert conduziu negociações com o Egito e os Estados Unidos e iniciou a assinatura de um acordo comercial tripartite com esses países semelhante ao Acordo QIZ (Qualifying Industrial Zones) com a Jordânia. Este acordo fortaleceu muito as relações entre Israel e o Egito e levou a um tremendo aumento nas exportações egípcias para os Estados Unidos, sob os auspícios do acordo de livre comércio de Israel com os Estados Unidos.[10]
Todos os governos analisados acabam por culminar no atual momento com a reforma judicial proposta pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Analistas apontam que a reforma pode comprometer seriamente a separação entre os poderes e, em última análise, enterrar a democracia de Israel.O pacote é extenso e envolve muitos projetos de lei que atuariam como uma espécie de emenda à Constituição. Israel não possui uma constituição federal formal, escrita, mas usa as chamadas leis básicas para definir o papel das principais instituições e as relações entre as autoridades do Estado. E as reformas foram apresentadas ao Legislativo como leis básicas, por meio de quatro pontos principais.
O primeiro ponto principal da reforma visa impedir que a Suprema Corte do país revise legislações aprovadas pelo Parlamento. Já o segundo,objetiva permitir também que o Parlamento rejeite decisões da Suprema Corte com maioria simples, ou seja, com 61 votos em um total de 120 deputados.
E se a reforma for aprovada, isso passaria a acontecer sem qualquer revisão judicial do Supremo. O governo poderá aprovar e blindar qualquer legislação de revisão judicial apenas classificando-a como lei básica
A medida é considerada controversa justamente porque não há uma distinção muito clara entre as leis básicas e as leis comuns, estabelecidas pelo Legislativo. Ou seja, o Knesset pode alterar as leis básicas com a mesma facilidade com que aprova novos projetos.
Além disso, a reforma prevê, como terceiro ponto, mudanças no comitê responsável pela nomeação de todos os juízes do país, inclusive os integrantes da Suprema Corte, chamado Comitê de Seleção Judicial (JSC). Essa junta é formada por nove membros, dos quais quatro estão associados ao Executivo e Legislativo. A reforma pretende ampliar esse total para dar maioria permanente aos representantes do governo — que poderá, dessa forma, controlar as nomeações.
E, por fim, o último ponto diz respeito à nomeação dos assessores jurídicos que integram os diferentes ministérios. Essas posições foram criadas para assegurar o interesse público e os pareceres jurídicos emitidos por cada um deles são de cumprimento obrigatório para o governo.
A proposta atual visa transformar a função de assessor em cargos de confiança escolhidos pelos próprios ministros, acabar com a obrigatoriedade do cumprimento dos pareceres e permitir que o Estado tenha acesso à assessoria e representação jurídica privada perante os tribunais.[11]
Um elemento-chave da reforma judicial proposta pela primeira vez pelo ministro da Justiça, Yariv Levin, em janeiro, alteraria a composição e os procedimentos do Comitê de Seleção Judicial para dar aos representantes eleitos e à coalizão governista mais poder no painel.[12]Desde o anúncio da reforma, protestos abalaram o país, levando Netanyahu a suspender a legislação do Comitê de Seleção Judicial.
Neste sentido, há três meses os opositores do governo gritam “democracia, democracia, democracia” ad infinitum.Contudo, eles veem a reforma proposta como o começo do fim, o início da descida de Israel para se tornar o gêmeo político das nações pós-liberais do Leste Europeu, Hungria e Polônia. Mesmo a Turquia governada por islâmicos, é apresentada como o tipo de destino para onde o estado judeu está indo.
Para os manifestantes, o Superior Tribunal de Justiça é o bastião da democracia Israelense. No sistema parlamentar unicameral de Israel, a sobrevivência de um governo depende de sua capacidade de comandar a maioria no Knesset. Com o domínio do poder executivo sobre o legislativo, o judiciário independente é visto como a única instituição nacional capaz de aplicar pesos e contrapesos reais.[13]
O Curioso caso de Benjamin Nethanayu
Enquanto analistas, o que mais nos chamou atenção na Política Internacional em 2023 até então é a crise que se abateu sobre Israel enquanto o governo se prepara para implementar uma ampla reforma judicial para esvaziar o poder da suprema corte e transferir ele para o legislativo. O que mais chama atenção nesse caso é que o primeiro ministro detém o poder, mas não está no poder, algo não habitual na política israelense, e muito menos habitual para um estadista do porte de Nethanayu, um dos três mais esguios e hábeis políticos do século XXI juntamente com Angela Merkel e Vladimir Putin.
Mas não existe outra maneira de colocar o que está acontecendo em Israel, Nethanayu é um refém de seu próprio governo com pouco mais de três meses após seu retorno ao cargo de primeiro ministro. Sua coalizão o retirou do poder real e o deixou apenas com o poder formal. Bibi, como é chamado pelos analistas retornou ao poder em um ano bem complicado, com um aumento considerável da violência entre israelenses e palestinos ( Esse artigo não tratará de julgamentos morais sobre os lados em conflito muito embora nosso leitor possa imaginar claramente qual lado consideramos com a razão nesse aspecto). O fato é que o conflito existe e está em um momento conturbado, nos últimos meses aproximadamente 50 pessoas morreram numa série de atentados, assassinatos por vingança e operações militares de ambos os lados.
Um dos motivos que evidenciou a falta de poder real de Nethanayu foi esse, ao mesmo tempo que parte das autoridades isaraelenses e palestinas se reuniam em território neutro para impedir uma escalada no conflito e proporcionar um pouco de paz para ambos os lados nas comemorações da Páscoa e do Ramadã, outros membros do governo israelense zombavam das tratativas e tentativas de apaziguar a situação.
Além dessas questões de segurança o país também está tendo que lidar com massivos protestos sociais durante os últimos meses devido a proposta de reforma judicial, o Knesset ( parlamento israelense ) deseja ter a capacidade de aplicar Overturn nas decisões da suprema corte, os críticos dizem que o projeto irá encerrar a independência das cortes e pode até representar o fim da democracia no país, enquanto entusiastas sustentam que se trata de uma medida para reequilibrar a divisão de poderes uma vez que a corte roubou poder do executivo e do legislativo. Provavelmente ambos os lados têm uma certa razão sobre o polêmico projeto.
O presidente Herzog até tentou acalmar os ânimos e propor algo de consenso entre situação e oposição, mas sem sucesso, a situação conseguiu emplacar ao menos a fase inicial do projeto. Herzog enxergou o óbvio, caos social é ruim para os negócios e a economia israelense já sofre os efeitos. A falta de segurança jurídica impede investimentos de longo prazo por parte das empresas, isso é ainda mais importante dado a relevância de Israel na inovação tecnológica global.
O que não estão notando em todo esse imbróglio é que Nethanayu está sendo chantageado pela sua própria coalizão porque se ele se opor ao plano e a coalizão se quebrar o cenário mais provável é que ele vá preso, e não existe possibilidade dele romper com os ultra-ortodoxos pois não encontrará apoio na oposição para construir outra coalizão, ou seja, basicamente ou ele se curva aos desejos dessa coalizão ou vai pra cadeia, com sua liberdade em jogo. Nethanayu não tem saída. Políticos tradicionais do Likud ( partido do primeiro ministro ) não querem deixar passar a oportunidade de dar mais poderes ao parlamento, pois sabem se tratar de uma oportunidade única de esvaziar o judiciário. Ainda que o melhor cenário aparentemente seja deixar tudo como está.
A situação é tão extrema que ministros de seu próprio governo estão contrariando decisões avalizadas pelo próprio primeiro ministro como a de suspender a construção de novos assentamentos por tempo indeterminado. Em paralelo ao cenário de caos interno a pressão internacional tem aumentado. Historicamente principal aliado Israelense, os Estados Unidos se envolveram na questão pedindo para que situação e oposição cheguem a um acordo sobre a reforma judicial. Rodeado por inimigos Israel não pode abrir mão da proteção americana para o seu território e Nethanayu sabe disso, ele também não quer nenhum ruído com os empresários, com a mídia e demais aliados externos questionando o que está acontecendo. Porém não resta escolha para ele se quiser continuar como um homem livre, não é apenas o governo que pode acabar mas sua própria vida enquanto estadista.
NOTAS
[1]A realidade é a pior inimiga do socialismo – Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/a-realidade-e-a-pior-inimiga-do-socialismo/ (acesso em abril de 2023).
[2]Yitzhak Rabin – Leia mais em: https://www.gov.il/en/Departments/People/rabin (acesso em abril de 2023)
[3]MosheSharett: Leia mais em: https://www.gov.il/en/Departments/People/moshe_saret (acesso em abril de 2023).
[4]Menachem Begin: Leia mais em: https://www.gov.il/en/Departments/People/begin (acesso em abril de 2023).
[5]Yitzhak Shamir: Leia mais em: https://www.gov.il/en/Departments/People/shamir (acesso em abril 2023).
[6]Shimon Peres: Leia mais em: https://www.gov.il/en/Departments/People/peres (acesso em abril de 2023).
[7]Ehud Barak: Leia mais em: https://www.gov.il/en/Departments/People/barak (acesso em abril de 2023).
[8]Ariel Sharon: Leia mais em: https://www.gov.il/en/Departments/People/sharon (acesso em abril de 2023).
[9]Morre Ariel Sharon, o ‘trator’ da política israelense – Leia mais em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/01/140101_ariel_sharon_obituario_fn (acesso em abril de 2023).
[10]Ehud Olmert – Leia mais em: https://www.gov.il/en/Departments/People/olmert (acesso em abril de 2023).
[11]A polêmica reforma judicial proposta por Netanyahu vista como ameaça à democracia em Israel – Leia mais em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c6pnd2jz13jo (acesso em abril de 2023).
[12]Netanyahu: Judges appointed after reform won’t deal with corruption trials – Leia mais em: https://www.jpost.com/breaking-news/article-736164 (acesso em abril de 2023).
[13]Israel’s judicial reform saga: A guide for the perplexed – opinion – Leia mais em: https://www.jpost.com/opinion/article-735955 (acesso em abril de 2023).