Elon Musk. Esse nome não deve lhe ser estranho. Não para menos, além de participações em seriados, como o fofo Young Sheldon ou o icônico Rick and Morty, entrevistas no mínimo diferentes, casamentos fracassados com atrizes de Hollywood, por ser a inspiração de Robert Downer Jr para interpretar o badalado Iron Man e pelas farpas com Mark Zuckerberg, o bilionário sul africano (sim, ele não é americano, pasmem) é famoso por inovações futuristas até demais, por peitar autoridades e a governança corporativa de suas empresas e por prazos extremamente otimistas para a viabilização prática de seus projetos. Quais seriam os limites disso?
Vamos por partes. Tudo começou com a venda de sua participação no PayPal e a decisão de colocar os quase US$200 Milhões em uma empresa de exploração espacial, a SpaceX, que quase quebrou após 4 lançamentos fracassados, e na fabricante de carros elétricos Tesla, cuja ação está entre as maiores valorizações desse ano, o que colocou a empresa como a maior montadora do mundo.
A polêmica da Tesla fica por conta não apenas (mas talvez principalmente) de seus resultados muito mais prometidos do que de fato entregues (casos assim se multiplicam como número de parentes do Natal em família nos mercados mundo a fora), mas também pela discussão em torno de capacidade de infraestrutura elétrica para atender à demanda dos automóveis (leia: um lobby fortíssimo da indústria petroleira mundial) e da segurança dos carros autônomos, que são ditos seguros, impressionam com seus avanços, mas seguem restritos a pouquíssimos lugares. Além disso, vale citar a polêmica aquisição da SolarCity, empresa de produtos com tecnologia para energia solar, que, apesar de ter integrado bem o sistema Tesla, com a produção de baterias para os carros, foi abandonada pelos fundadores, os irmãos Peter e Lyndon Rive, poucos meses após o negócio ser fechado sob a justificativa de “tocar oportunidades pessoais” (digamos que o “Skin In The Game” ficou meio de lado aqui não?).
A SpaceX, por outro lado trata de um ponto: exploração de Marte. Não sei quão Sci-Fi o leitor acha isso, mas é fato que Elon não só acredita como defende (e coloca dinheiro) que a casa dos ETs fora de Varginha é um lugar habitável “em duas vias: a rápida ou a lenta”, em um plano que passa pela criação de uma atmosfera através de bombas nucleares para aquecimento do planeta, em um plano conhecido como “nuke Mars” , uma ideia definida como “Não muito boa” pelo astrônomo Phil Plait, por conta de variáveis do planeta vermelho que vão desde pressão atmosférica desfavorável até a baixa concentração de gases estufa disponível.
Saindo do espaço e entrando no cérebro humano, Musk criou a Neuralink, a mais recente do bilionário, e divulgou resultados promissores em porcos no último mês de Agosto. A ideia é conectar cérebros humanos a computadores através de cirurgias com robôs para implantação do The Link, um dispositivo com espessura de 8mm (quase a mesma de um CD), visando salvar lembranças na nuvem (bem mais efetivo que o caldeirão de Dumbledore, certo?) e corrigir problemas motores, além de ser capaz de fazer “upgrade de processamento e memória”, em um processo 100% reversível e indolor. Não precisa nem dizer de onde vem o problema né? Os pensamentos e intimidades, frequências cerebrais e reações, desejos, ações, tudo gravado em um banco de dados, prontinho para serem analisados. Como bem observou um espectador da live no Youtube de anúncio das descobertas: “Quem garante que no dia seguinte à implantação do chip não teremos uma vontade insaciável de comprar carros da Tesla?” Ou de um Iphone novo, caso seja feito pela Apple? ou de impulsionar postagens online se feito pelo Google ou Facebook? Poderíamos ter uma “loja de apps” e personalizar nossos cérebros, colocando cada vez mais features? O próprio Musk admitiu que parece Black Mirror e, ainda, que o processo para execução de testes em humanos já está bem acelerado, sendo capaz de ativar regiões do cérebro e de registrar os impulsos elétricos por ele gerados.
Por último, temos que falar do Hyperloop, um meio de transporte subterrâneo que utiliza cápsulas que aguentam velocidades supersônicas, capazes de levar carros a uma velocidade de 200 quilômetros por hora, uma parceria da SpaceX com a The Boring Company, uma empresa de escavação que surgiu como uma piada também de propriedade do atual quarto homem mais rico do mundo, que tem o objetivo de “terminar com o intenso congestionamento de carros nas estradas” (de fato: é um baita slogan).
Um fato curioso é que Elon realmente acredita que Inteligência Artificial é a “mais séria ameaça à raça humana” e que ela é equivalente a “invocar um demônio”. Nas palavras dele, “cada vez mais acredito que deve haver algum tipo de regulamentação, talvez a nível nacional ou internacional, só para ter certeza de que não vamos fazer nenhuma tolice”. Enquanto isso, sua ONG, a Open AI, trabalha com “Inteligência Artificial Segura”, com destaque para o robô que conseguiu bater jogadores profissionais de DOTA 2 no modo X1 (quem não é nerd: isso é bem difícil).
A fundação de Elon Musk, Musk Foundation, tem o propósito de realizar “Pesquisa e defesa de energia renovável; pesquisa e defesa da exploração humana no espaço; pesquisa pediátrica; educação em ciências e engenharia; desenvolvimento seguro de inteligência artificial em benefício da humanidade”, mas doou mais dinheiro para pesquisas em inteligência artificial do que qualquer um desses objetivos. O site (oficial apesar de não parecer) da fundação não é atualizado a mais de uma década.
Qual a próxima de Elon? Impossível dizer, mas estou curioso. Seria ele o moço do disco voador, eternizado pelo grande Raul Seixas, que nos levará com ele para onde ele for? Nesse caso, só peço uma coisa: o link para as inscrições.
1 Comment
Marcos, muito bom, persevere com este seu viés!